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Les mains libres (Ennio Lorenzini, 1964), fotograma de filme. Cortesia de Cineteca di Bologna.

Programa 6:
Além do ecrã branco
Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório 3,
31.10.2024 | 18h30

Exibição integral:
Les mains libres (1964) de Ennio Lorenzini

Discussão:

Émilie Goudal, Zineb Sedira

As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade específica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação crítica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objetividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas.

A presente edição de
Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia reúne um conjunto de seis sessões de discussão e quatro seminários, decorre na Fundação Calouste Gulbenkian e foca-se no momento em que a arte e a filosofia estabelecem diálogos produtivos, propondo abordagens diversificadas sobre o pensamento contemporâneo. Cada sessão de discussão parte da exibição parcial ou integral de obras de arte, acompanhada por uma reflexão conduzida por teóricos, investigadores ou artistas.

Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia reúne um conjunto de seis sessões de discussão e quatro seminários, e foca-se no momento em que a arte e a filosofia estabelecem diálogos produtivos, propondo abordagens diversificadas sobre o pensamento contemporâneo. Cada sessão de discussão parte da exibição parcial ou integral de filmes, acompanhada por uma reflexão conduzida por teóricos, investigadores ou artistas.

A última sessão de discussão reúne a investigadora Émilie Goudal e a artista plástica Zineb Sedira numa reflexão suscitada pela exibição de Les mains libres (1964), da autoria de Ennio Lorenzini. Dada como perdida por volta da data da produção, Les mains libres é considerada a primeira longa-metragem filmada e produzida na Argélia após a independência. Abrindo caminho a outras imagens para romper com o olhar colonial, do passado para o presente, a obra desafia-nos a pensar no poder da representação como campo de batalha – “o cinema como arma” da descolonização –, para traçar outros caminhos de emancipação com e contra as imagens.
A cópia do filme que é exibida resulta do restauro da Cineteca di Bologna e estreou-se no festival Il Cinema Ritrovato (Itália, 2022).

Émilie Goudal é historiadora de arte e professora na Université de Lille, onde também coordena “Emancipated Imaginaries”, projeto de investigação que examina as manifestações históricas e contemporâneas da emancipação, da Argélia aos ecos planetários, a fim de captar e definir os contornos, fontes críticas e ressonâncias culturais contemporâneas. Entre as suas outras atividades, destacam-se a autoria do livro Des damné(e)s de l'Histoire – Les arts visuels face à la guerre d'Algérie (Les Presses du réel, 2019) e a cocuradoria (com Nataša Petrešin-Bachelez) da exposição Ces voix qui m'assiègent... (Cité internationale des arts, Paris, 2024).

Zineb Sedira nasceu em França no seio de uma família argelina e vive atualmente entre Paris e Londres. A sua prática artística aborda a migração, a narração de histórias e a parcialidade das histórias oficiais. A sua história familiar tornou-se num terreno fértil para experiências artísticas. Também explora arquivos, complexificando narrativas históricas facilmente aceites. Formalmente, a sua prática evoluiu da realização de filmes e da fotografia para abranger também a escultura, a instalação e a performance, onde habitualmente se encena a si própria. Já não é a ouvinte discreta ou a intérprete sem rosto. Recua no tempo para inventar novas versões, mais justas e felizes, nas quais alguns dos erros do passado encontram finalmente um lugar para se reconciliarem.

Duração da sessão: 135 Min. | M/12 | Entrada livre, sujeita à lotação da sala.

Cópia da versão em francês, legendada em português e inglês; a discussão é em língua inglesa com tradução simultânea para português.




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