Programa 2:
(des)enquadrando o enquadramento
Fundação Calouste Gulbenkian, Auditório 2
23.11.2023 | 18h30
Exibição integral:
Meeting the Man: James Baldwin in Paris (1970, 26 min.) de Terence Dixon
Discussão:
Kerstin Stakemeier, Sarah Lewis-Cappellari
As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade específica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação crítica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objetividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas.
A presente edição de Problematizar a realidade – encontros entre arte e filosofia reúne um conjunto de seis sessões de discussão e quatro seminários, decorre na Fundação Calouste Gulbenkian e foca-se no momento em que a arte e a filosofia estabelecem diálogos produtivos, propondo abordagens diversificadas sobre o pensamento contemporâneo. Cada sessão de discussão parte da exibição parcial ou integral de obras de arte, acompanhada por uma reflexão conduzida por teóricos, investigadores ou artistas.
A segunda sessão de discussão acontece em novembro e reúne as investigadoras Kerstin Stakemeier e Sarah Lewis-Cappellari numa reflexão suscitada pela exibição de Meeting the Man: James Baldwin in Paris (1970), da autoria de Terence Dixon, um documento desafiante e discursivo em torno de James Baldwin, aclamado intelectual norte-americano radicado em Paris durante a rodagem. O filme parte de encontros tensos entre Baldwin e a equipa de rodagem, que discutem a forma como o documentário deve ser conduzido. Entre fricções e ideias, o resultado é uma obra luminosa sobre o universo de Baldwin e do seu empenhamento intelectual. O filme é apresentado numa cópia recentemente restaurada nunca exibida em Portugal.
Kerstin Stakemeier (Alemanha) é educadora na Academy of Fine Arts Nuremberg. Em 2017, publicou Entgrenzter Formalismus. Verfahren einer antimodernen Ästhetik (Debordered Formalism. Devices of an Antimodern Aesthetic) na bbooks. Com Anselm Franke, é responsável pela cocuradoria de “Illiberal Lives" (Stiftung Moderne Kunst Ludwig Forum, Aachen, 2023) e "Illiberal Arts" (Haus der Kulturen der Welt, Berlim, 2021). É coautora das publicações Universal Receptivity (2021), com Bill Dietz, e Reproducing Autonomy (2016), com Marina Vishmidt, com quem está a preparar uma nova publicação, bem como da série de exposições e de uma publicação relativas a Class Languages (2017–2018), com M. Ammer, E. Birkenstock, J. Nachtigall e S. Weber.
Sarah Lewis-Cappellari (República Dominicana/EUA) é curadora, dramaturga e professora. Doutorada em Performance Studies pela University of California, Los Angeles (UCLA), o seu trabalho aborda a interação entre performance, arte contemporânea, economias visuais coloniais, e culturas negras e caribenhas. Colaborou com Mobile Academy Berlin, coletivo de arte e ciência, como uma das principais curadoras e investigadoras. Sarah Lewis-Cappellari investigou e trabalhou com práticas artísticas colaborativas, enquanto membro do coletivo de performance LEWIS FOREVER, com apresentações no Performance Space 122 (Nova Iorque) e no New Museum (Nova Iorque) e, como membro independente, em colaborações com SOIT(Bruxelas), Agora (Berlim), Sophiensaele (Berlim) e Tanzhaus NRW (Düsseldorf).
Duração da sessão: 120 Min. | M/12 | Entrada livre, sujeita à lotação da sala.
Filme falado em inglês e legendado em português; a discussão será em língua inglesa com tradução simultânea.
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